Carta a uma ádvena

Seria hipocrisia da minha parte se não lhe desse adeus, mas meus olhos não iriam concordar com as minhas palavras. Não desejo lhe dar o último beijo com lágrimas no rosto.

Como uma forasteira em meu coração, você não recebeu convite para entrar e mesmo assim parecia carregar as chaves.

Meus lábios fascinados pelos seus, motivam o beijo, porém minhas mãos estendidas querem as chaves que já lhe pertenceram.

Aventurando - se entre o improvável e o hipotético arriscando cair sobre as laminas afiadas da solidão,

Procuro estar correto em minha decisão.

Mas você!

Você não demonstra reação, parece correr de pés descalços entre as nuvens e aparenta não saber o que se passa em baixo de seus pés.

Olhos teus, que parecem seqüestrar os meus, não consigo olhar dentro deles, parecem afastar o meu objetivo e dissimular meus ideais.

Temo que um dia, apenas para mim, a noite acorde o dia e o dia adormeça a noite. Que meus olhos se mantenham mais fechados que abertos, e que o perfume das rosas jamais seja inalado novamente.

E sem ti e sem teu perfume o único comparável ao das rosas, eu vou perder meu chão.

Mas para confortar meu medo, eu roubarei as assas da minha imaginação e mesmos sem chão continuarei respirando e levando a vida.

Minhas assas bateram em sincronia com seu coração. E quanto mais forte ele bater mais alto eu levarei o meu amor por ti.

Quando tão alto estiver, pétalas vou jogar, para que caiam sobre todos. Para que invejem meu amor por ti.

Mesmo com o maior esforço e perfeição, ninguém jamais vai igualar nosso sentimento, pois pode parecer plausível para muitos o fato de eu estar sofrendo por amor.

Mas todos um dia já sofrerão, sofrem ou sofreram. E a aqueles que jamais sofrerão. Meus pêsames!

Pois esses nunca iram descobrir o real significado e importância do amor.