terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ordeno que Pare de sonhar !

Se falasse ouviria, se calasse entenderia... Mas se gritasse a verdade não iria enxergar nada a não ser o nascer de uma lágrima que sustenta uma farsa platônica encharcada de sorrisos economizados inseguros pela falta de coragem e validação de uma tradição medieval de ser aceito por ser correto, ou rejeitado por estar equivocado.
Solicito permissão para celebrar a impunidade do brilho dos meus olhos em sintonia perfeita aos meus lábios abrindo um sorriso ostentoso veridicamente saudável, original e sincero. Aproveito para sorrir pela menina de dez anos que perdeu o dente da frente, pelo avô que só recebeu um abraço de seu neto quando deitado em uma cama de hospital, pelos espinhos de uma rosa que são tidos como criminosos, mas confiam à rosa amor eterno.


Cantamos sorrindo em simetria ao tom suave da voz alegre a qual empolga a freqüência cardíaca, que nos faz esvanecer em delicado enfarte de gargalhadas. Reforçando que o que sentimos é assimetricamente relacionado a tudo que não vemos.
Usamos mascaras de oxigênio para tolerar o ar pesado do homem que forceja para cavar sua própria sepultura, comandamos uma orquestra inteira de gargalhadas que apesar de serem ruídos cantam mais alto que pedaços de papeis pintados de verde.
Façamos uma fuga não planejada para a terra dos beijos que adormecem e que despertam sem serem mencionados e inconvenientes, onde as árvores são azuis por que não se importam em serem diferentes e o algodão doce é colorido e abundante no céu. Apagamos a lamúria, rejeitamos a esmola sentimental e reciclamos o nosso amor, que foi embora junto ao papel amassado com nossos nomes.
Pagamos o preço mínimo para ser felizes, vivemos e isso é o bastante para sanar os sonhos impetuosos que dissimulam o cotidiano moral da sociedade que esta toda errada, pois se diz social. Misturamos a política nacional e internacional à interna, a nossa.
Uma legião de vampiros reformulados com sangue negro amedronta sonhos quase repulsantes para uma eterna adolescência sobre carregada pela preocupação de acordar ainda vivo do pesadelo, sabendo que é intolerável sonhar mais uma vez com o doce vilão.

Ele tinha medo do escuro quando era pequeno, resolveu acender a luz.
Conseguia imaginar tantas formas no teto. Sim, aquelas manchinhas na madeira.
Ele era muito esperto, talvez mais do que é agora, mas um dia ele conheceu uma garotinha e pra ela jurou amor eterno, naquela época a eternidade era um dia, mais a pureza era imprescindível. Ele foi embora, ela ficou.
O amor foi pro espaço, e ao longo dos anos ele pensava ter encontrado o amor em todas que lhe arrancassem um suspiro. E todas como a primeira tentativa foram pro espaço.
Ele não sabia cantar, mas encantava pela vontade de flertar o improvável e amar o imprevisível, via na poesia uma trupe de sentimentos provavelmente fatais se tomasse o destino correto.
Era apreensivo em seus planos, e muitas vezes inocentemente acabava se precipitando e tudo aquilo que imaginou quando pôs a cabeça no travesseiro também foi pro espaço.
Muitas vezes chegou a pensar que ou seus vizinhos eram de marte ou ele mesmo era de lá, pois seres tão diferentes viviam lado a lado. Condenava a filha mais velha do casal do lado por ouvir música muito alta, mas perdia as contas de quantas vezes se excedia no banho por não acabar de cantar a música preferida, trocando o microfone pelo shampoo.
Seu sonho era diferente, suas idéias contradiziam sua idade. Todos tinham planos, suas futuras profissões, mas nenhuma como a dele, nada de astronauta ou cientista, ele queria ser ladrão.Sim, algo insano para uma criança, mas vamos discutir,estamos tratando de um futuro ladrão, o qual nunca fora preso, pois o seu maior crime varia do roubo de um beijo ao seqüestro de um coração.
O fato é que ele sabia de tudo que se passava dentro de seu coração, e sabendo disso ele resumia que deveria viver mais de mil anos como criança, pois só assim inocente em seus desejos saberia administrar as dividas e as dúvidas do amor, ou os plágios que sua consciência acusava. Tinha como esporte e adoração brincar com as palavras falando a verdade, muitas vezes era tido como mais um irônico, sarcástico, tentando arrancar um sorriso com uma piada velha com novas caras, mas acabava rindo sozinho, pois só ele entendia.
Ele tinha algumas amigas, amigos não, por que temia que outro homem tomasse conhecimento de suas idéias, tinha medo de deixar de ser único em todos os sentidos.
Gostava de azul, mas adorava quando havia chuva, em seu universo paralelo aos outros a chuva seria lágrimas derramadas por amor, tudo que dizia respeito a esse sentimento mesmo que triste, lhe trazia a sinceridade, virtude que levara pra vida toda como uma das mais importantes.
Em seu mundo sincero, ele era o super sincero, mesmo que com cinco dedos na cara, assim seria o super sincero que levou um tapa na cara. Era admirado por não economizar palavras pra falar dos outros, mas tinha uma certa inimizade com o lápis quando questionado o seu eu. Seus defeitos eram artigos para serem criados e citados por outro espertalhão que teria cacife para julgá-lo.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sangue e idéias

Palavras saídas de uma lixeira com dentes que mais parecem portais brancos a liberarem língua sórdida, provocante, luxuria venerável pelo retrato imaginário, ou tão falso quanto o reflexo de Dracula saindo do banho.
A sinfonia cômica dos morcegos daltônicos que sugam fruta amarela macia, delirando estar á sugar o que mantêm o frágil em pé. Os olhos vermelhos em relances pela janela, de ponta cabeça na ameixeira, os berros calados pelas presas nas presas.
A imortalidade, a demência instantânea em relação à roda-gigante em contexto triste ao algodão – doce que ira sangrar nas bocas das crianças, agora, crianças pra sempre.
Façamos uma revolução mental, onde o sangue é tido como imaginação, as presas como sonhadores, e vampiros como poetas que sugam palavras em textos obscuros que ofuscam a realidade e proporcionam os pés suspensos sob a inocência.

Tirem meu sangue, arranquem meus olhos, tomem minha vida, mas bailem em gruídos de raiva, por não conseguirem apagar no tempo minhas idéias e meus ideais.
"Idéias não sangram. Idéias não sentem dor. Elas não amam." (Alan Moore).

Normais Estranhos


Levemente irritado eu sugiro que retirem todos os estranhos da terra, para que eu fique sozinho. Moderadamente bravo eu suplico que exterminem no tempo as suas vozes, para que o silêncio corroa meus ouvidos. Extremante nervoso me auto-diagnostico LOUCO.